Bafo de Bode personagem da novela Tieta do Agreste
Laranjeiras do Sul, 06 de Abril de 2025.
É um fenômeno científico, psicológico e altamente etílico: todo bêbado odeia ser chamado de bêbado. Pode estar abraçado com um poste, discutindo futebol com um cachorro e cantando Evidências em loop – se alguém disser "você tá bêbado", ele automaticamente responde: “Bêbado não, só tomei umas!”
Segundo especialistas em ressacas e observadores noturnos de baladas, o bêbado entra em negação mais rápido do que entra no boteco. É como se a palavra "bêbado" invocasse uma entidade superior que precisa defender sua honra, mesmo que esteja de chinelo, sem camisa e com glitter de carnaval em pleno agosto.
A cena é clássica: o sujeito já confundiu o Uber com o carrinho de pipoca e tentou pagar a conta com um botão, mas se você ousar usar o termo proibido, ele se ofende como se tivesse sido chamado de “palmeirense em final de mundial”.
"Eu tô de boa, só tô feliz", diz ele, enquanto segura a parede como se fosse cair da Terra. “Bêbado é quem não sabe beber, eu sou experiente.” Sim, experiente em fazer a mesma vergonha todo final de semana.
A ciência ainda não conseguiu explicar essa aversão. Teorias apontam que o álcool, ao mesmo tempo que solta a língua, ativa o modo "advogado de si mesmo". O bêbado vira um poeta, filósofo e juiz. "Eu posso até estar alterado, mas bêbado, jamais", diria Sócrates — o boleiro ou o filósofo, ambos entendiam do assunto.
A verdade é que, para o bêbado, admitir que está bêbado é quase como perder o controle da própria narrativa. E se tem uma coisa que bêbado gosta, é fingir que está no comando, mesmo quando já tentou destrancar a porta de casa com o cartão do SUS.
Moral da história? Nunca diga a um bêbado que ele está bêbado. Diga que ele está "com o espírito elevado", "no modo festa" ou "com o HD reiniciando". E cuidado: bêbado pode não lembrar de onde deixou o celular, mas vai lembrar eternamente de quem o chamou de bêbado.